ENTREVISTA DO CANDIDATO
ALBERTO ABRAÃO DO PARTIDO VERDE DE MARINGÁ NO O DIÁRIO
O futuro do advogado
maringaense Alberto Abraão Vagner da Rocha (PV), 55 anos, na disputa
eleitoral de Maringá ainda é incerto. A candidatura está sub
judice e deve ser julgada esta semana. No capítulo mais recente,
quinta-feira passada, ele viu ser derrubada pelo Tribunal de Justiça
a liminar que barrava a intervenção da executiva estadual no
diretório local.
O PV estadual quer uma coligação majoritária com o PT e proporcional com o PDT - contrariando a convenção municipal, que optou pela candidatura própria, sem coligações.
Casado com a assistente social Silvana Borges e pai de dois filhos, Alexandre, 26, e Ana Carolina, 22, Vagner da Rocha defende uma administração voltada para a melhoria da qualidade de vida, resgatando o que, avalia ele, teria sido deixado de lado:o conceito de que Maringá foi elaborada pensando em um modelo urbano que garantisse o bem-estar da população.
Ele fala em uma administração utópica, assim como, segundo ele, era uma utopia a ideia de se implantar o modelo inglês de cidade-jardim no Brasil.
Caso a candidatura vingue e Vagner da Rocha seja eleito, sua primeira medida será valorizar os servidores municipais.
Esta entrevista é a
primeira de uma série com todos os candidatos, nas próximas sete
edições de domingo. A ordem das entrevistas foi definida por
sorteio, na presença de representantes dos candidatos.
O DIÁRIO - Caso a
Justiça confirme a intervenção do diretório estadual, o senhor
vai aderir à campanha de algum candidato?
ALBERTO ABRAÃO VAGNER
DA ROCHA - Não faria isso porque a gente tem que separar a questão
política da questão emocional. Temos um projeto na cabeça, não
cogitamos essa hipótese, mas se eventualmente acontecer, não
tomaríamos nenhuma atitude dessas porque prejudicaria o Partido
Verde ainda mais.
Nossa atitude não é
pessoal, é um projeto partidário. Tanto que o projeto foi decidido
em convenção, nós elegemos um diretório que se mantém firme.
Tanto é que as cinco
pessoas que saíram para fortalecer essa tese de uma coligação já
no primeiro turno foram sozinhas, nós ficamos com 18 candidatos a
vereador. Os que saíram não tiveram apoio da maioria. Estamos com o
lançamento da nossa candidatura organizado para o dia 10 de agosto.
Qual deve ser o mote da
campanha do senhor?
É no sentido de trazer
as bandeiras do Partido Verde em harmonia com as necessidades que a
cidade tem e a compreensão mundial dos princípios da
sustentabilidade,que é a busca do equilíbrio para conquistar uma
melhor qualidade de vida.
Porque o senhor quer
ser prefeito?
Primeiro, porque me
acho em condições e conheço bem da estrutura pública e
administrativa da cidade. E vejo que um dos principais problemas que
a cidade tem não é de estrutura, é de adequação do modo de
gestão e das prioridades.
Nós podemos, com os
princípios e valores que o Partido Verde professa, estabelecer uma
alteração de formas e de prioridades que hoje Maringá tem. Por
exemplo, nós temos que discutir, necessariamente, a questão
urbanística, porque ela influencia diretamente na qualidade de vida
das pessoas.
Maringá foi criada
dentro de uma concepção de cidade-jardim, que surgiu na Inglaterra.
Essa inspiração era utópica. E nós conseguimos criar uma cidade
bela, gostosa, planejada,dentro do que era uma utopia. Antes, ou você
morava no campo ou morava na cidade.
Esse movimento tentou
aliar os dois --morar na cidade com paisagens que garantissem o
conforto. Agora, estamos vivendo um outro movimento, que nasceu nos
anos 70, impulsionado pelas ideias ambientalistas. Quero ser prefeito
para atualizar o projeto utópico que Maringá tinha. Uma nova
utopia, de uma comunidade próspera economicamente, mas justa
socialmente e feliz.
Qual seria o primeiro
ato do senhor como prefeito?
Vou convocar todos os
servidores, que é o maior patrimônio que o município tem, para
realizar as transformações necessárias. Faria um pacto com os
servidores, para reconhecer que neles encontra-se as soluções que
Maringá precisa.
A administração dará
a eles as condições e o ambiente de trabalho necessários para que
possam se desenvolver. Capacitação, valorização, um plano de
cargos e salários que assegure um planejamento de vida,para que a
prefeitura não seja um ponto de passagem, mas um destino deles.
Hoje, nós temos
servidores recebendo um abono para complementar o salário mínimo.
Como é que você quer uma cidade, com as condições que Maringá
tem economicamente, se quem executa os serviços está trabalhando em
um situação inadequada e insatisfatória?
Um dos problemas
ambientais de Maringá é o lixo. Como o senhor pretende tratar esse
assunto?
Nós cumpriremos a lei.
Hoje é até inadequado você falar em lixo, porque de tudo aquilo
que é jogado, 80% é matéria-prima. Esses resíduos da dinâmica do
consumo devem ser trabalhados vislumbrando a economia que eles podem
gerar.
Temos que priorizar a
estruturação de incentivo às empresas que trabalham com a visão
de reaproveitamento, reciclagem . É possível você construir aqui,
em termos locais, essa estruturação. Não só em Maringá, temos
que ter uma visão voltada para a Região Metropolitana, mais ainda
para as cidades conurbadas, Sarandi e Paiçandu.
Qual a diferença do
senhor para os outros candidatos?
Sou militante do
Direito há 28 anos. Exerço advocacia na área pública. As
profissões influenciam muito na sua vida. Por exemplo: quem trabalha
com Direito, necessariamente pensa em Justiça. Dentro da nossa
profissão, há uma obrigação ética de lutar pels melhoria das
instituições.
Isso tudo me fez criar
uma visão de não podemos mais tratar a política como ela vem sendo
tratada. Hoje nós nos encontramos como aquelas jovens anoréxicas,
que não querem comer achando que vão ficar bonitas. Tem muita gente
que não quer participar da política para não se corromper, para
não se sujar.
Em ambas situações
você morre. O anoréxico morre individualmente, o ser que não
pratica política morre socialmente, e a socidade morre com ele.
Quero resgatar o espírito de cooperação que existia entre os
nossos pioneiros e que hoje está se fragilizando.
Por que o eleitor deve
votar no senhor?
Como maringaense que
gosta muito da cidade, que acompanha a história, acho que o
município tem uma missão. Maringá foi criada para ser uma cidade
onde as pessoas vivam de forma confortável e feliz, e nós temos que
garantir isso.
Esse é o grande plano
diretor da cidade. Nós precisamos cuidar disso , porque Maringá
está perdendo um pouco dessa qualidade. Embora ainda seja muito boa
para se viver, muitos desses valores se perderam.
Nossa arborização,
que é importantíssima, nossos córregos, nossos bosques, foram
deixados de lado. Temos que cuidar da cidade como no passado.
Existe algum setor que
o senhor considera crítico?
Um deles é o trânsito.
Temos que incentivar o transporte de massa. O congestionamento em
Maringá está uma loucura. As mortes no trânsito em Maringá já
não são acidentais, são previsíveis. Nesse primeiro
semestre,tivemos uma grande maioria de mortes sendo de motociclistas.
E por que eles? Porque
o preço do ônibus é alto, então eles optam pela moto, que é mais
em conta. Nada contra a TCCC, mas nós precisamos ter um transporte
que ofereça qualidade para tirar os problemas da rua. Nós queremos
que mais gente ande de ônibus.
O Lula
(ex-presidente)fez com que o pobre experimentasse o carro e pudesse
ter acesso ao automóvel. Nós temos que fazer com que a classe média
e alta comece a usar o transporte coletivo, goste e passe a usar. O
transporte coletivo humaniza as pessoas.
Existe algo mais que o
senhor acha importante acrescentar?
É o que o processo
eleitoral deve se tornar. Para mim, o processo eleitoral é um grande
momento de festa cívica, em que as pessoas devem prestar atenção
para se educar. É um momento pedagógico.
É um mínimo de
esforço, para que uma cidade seja organizada e administrada de forma
sustentável. Muita gente às vezes quer o resultado eleitoral.
Mas a influência que
você pode exercer no eleitor, mesmo não ganhando, de que ele passe
a exigir um comportamento novo dos políticos é fundamental.
Fonte: http://digital.odiario. com/cidades/noticia/586939/ abraao-quer-modelo-de-bem- estar-a-populacao/
